Produção agrícola sustentável no gran chaco em discussão no 30º congresso da aapresid

Painel reuniu líderes de três projetos em implementação no bioma Gran Chaco com o apoio do Land Innovation Fund.

Na última quarta-feira, 10 de agosto, foi realizado o painel "Inovação e alianças para a produção agrícola sustentável" no âmbito do 30º Congresso da Aapresid ("Um Congresso em campo aberto"). O ponto de encontro de líderes e especialistas da agricultura argentina voltou ao formato presencial na cidade de Rosario, Santa Fé, reunindo milhares de participantes para discutir as últimas tendências em inovação e tecnologia. O painel teve como objetivo apresentar os três projetos selecionados na segunda rodada de financiamento do Land Innovation Fund (LIF) para implementação no bioma Gran Chaco, todos dedicados a fomentar a inovação para a transformação da cadeia de suprimentos da soja, com foco na fazenda e no produtor rural. 

Para participar do encontro, foram convidados o diretor do Land Innovation Fund, Carlos E. Quintela, e os líderes das iniciativas em desenvolvimento na região: Sebastián Malizia, da Fundación ProYungas, Gustavo Idígoras, do CIARA-CEC e Federico Fritz, da AACREA. Em cada uma das intervenções, destacou-se a importância de trabalhar em conjunto com os produtores rurais e com uma visão sistêmica da produção para uma boa gestão e valorização de práticas conservacionistas, cuidando do solo e protegendo a biodiversidade.

Carlos E. Quintela apresentou os objetivos do Fundo na região e a relevância das iniciativas e parceiros na construção de um cenário de inovação para a agricultura sustentável. O Gran Chaco é uma das maiores regiões florestais da América Latina, onde a expansão da fronteira agrícola ameaça a conservação da vegetação nativa e compromete o balanço de carbono, com impactos ambientais e econômicos negativos para a região e para o mundo inteiro. Nesse contexto, em sua segunda rodada de financiamento, o Fundo selecionou sete iniciativas inovadoras que promovem uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa, três das quais lideradas por instituições argentinas.

O Diretor Executivo da Fundação ProYungas, Sebastián Malizia, apresentou as diretrizes do projeto "Da teoria à prática: boas práticas agrícolas e sequestro de carbono para melhorar a conservação e restauração do Gran Chaco", executado em conjunto com a Aapresid e com a Fundação Moisés Bertoni. O projeto combina duas formas bem-sucedidas de trabalho com os produtores: as "Paisagens Produtivas Protegidas", modelo de gestão promovido pelo ProYungas e coordenado pela Fundação Moisés Bertoni no Paraguai, e a metodologia do Sistema Chacras, da Aapresid. Nas palavras de Malizia, “as instituições executoras se unem para promover a adoção de boas práticas agrícolas e a conservação e restauração da vegetação nativa nas fazendas de soja do Gran Chaco. Dessa forma, contribuímos para a mitigação das mudanças climáticas, a valorização da floresta em pé e a geração de novas oportunidades de negócios em linha com a crescente demanda internacional por uma produção agrícola sustentável e livre de desmatamento.”

A seguir, Gustavo Idigoras, presidente do CIARA-CEC, explicou a gênese da VISEC: Plataforma de Monitoramento do Gran Chaco, que combina sistemas públicos e privados com o objetivo de conter o desmatamento em áreas prioritárias de conservação do bioma. Lançada em 2019 e promovida pela The Nature Conservancy e CIARA/CEC, Peterson Consultancy e Tropical Forest Alliance, a plataforma recebeu financiamento do Land Innovation Fund para continuar seu desenvolvimento até 2025. O objetivo do projeto é reunir diferentes atores da cadeia de valor da soja, desde a originação e processamento até a comercialização, com o objetivo de "promover ações coletivas para que a soja argentina seja reconhecida local e globalmente como um produto sustentável, fruto de uma cadeia de valor competitiva, social e ambientalmente responsável, transparente e economicamente viável", explicou o presidente do CIARA-CEC.

Por sua vez, Federico Fritz, expert em Sustentabilidade da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da AACREA, apresentou a iniciativa "Ferramentas para a sustentabilidade ambiental e produtiva da cultura da soja nos sistemas do Chaco argentino", em implementação pela AACREA e ACSOJA. O objetivo principal do projeto é definir e avaliar sistemas de produção agrícola do Gran Chaco argentino que incluam o cultivo de soja, com foco no desempenho socioambiental, a partir do intercâmbio de conhecimento e informações com produtores rurais. Com um calendário de implementação em três etapas, entre 2022 e 2024, a iniciativa começará pela identificação dos modelos de produção na região, seguido de um período de conscientização dos resultados relacionados às ferramentas e soluções necessárias para melhorar o desempenho das lavouras de soja. à conservação, concluindo com ações de avaliação.

Por fim, no espaço de troca com o público, foram abordadas as principais preocupações do setor agropecuário da região do Gran Chaco e como os projetos apresentados visam respondê-las, contemplando a produção e a conservação como aliadas e a importância de dizer ao mundo como o grão é produzido de forma sustentável na região.

Fechando este painel, o moderador Alejandro O'Donnell, Diretor do Programa Internacional da Aapresid, destacou que o percentual crescente de produção necessário para responder à demanda global por alimentos virá de soluções de inovação e tecnologia, eixo central de cada um dos projetos apresentados no painel.

Projetos Segunda Rodada | Gran Chaco:

Os três projetos selecionados para implementação na Argentina somam-se a outras quatro iniciativas escolhidas entre 47 propostas recebidas na segunda rodada de financiamento do Land Innovation Fund para a América do Sul.

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E PRODUTIVA NO CHACO: Criar modelos de produção agrícola inovadora e sustentável para a região do Gran Chaco: este é o objetivo do projeto da Associação argentina de consórcios regionais de experimentação agrícola (CREA), em parceria com a Associação argentina da cadeia de suprimentos da soja (ACSOJA). A iniciativa pretende estabelecer e validar, com pelo menos 100 agricultores em uma área de cerca de 250 mil hectares do bioma na Argentina, modelos de intensificação ecológica agrícola que mantenham ou aumentem os rendimentos do produtor rural; reduzam as perdas de colheitas; conservem as áreas naturais dentro das fazendas; contemplem a restauração de solos e ambientes degradados; e apliquem indicadores ambientais, com foco em carbono do solo e biodiversidade.

VISEC: PLATAFORMA DE MONITORAMENTO NO GRAN CHACO: A proposta da Câmera da Indústria de Óleos Vegetais da Argentina (CIARA), em parceria com Peterson-Control Union (PCU) e a Bolsa de Comercio de Rosario, é estabelecer uma plataforma de rastreabilidade e monitoramento inovadora para avaliar os impactos ambientais, sociais e econômicos da produção de soja e outras commodities em áreas prioritárias da Argentina, começando pelo Gran Chaco. A plataforma VISEC reunirá, em um único sistema, dados de monitoramento e verificação de toda a soja comercializada na Argentina, unificando parâmetros e requisitos de sustentabilidade relevantes para a comercialização do grão. A iniciativa envolve a contribuição e o engajamento de diferentes atores, desde produtores até exportadores e ONG’s, e propõe-se a gerar dados de forma transparente, confiável e acessível ao público, contribuindo para a produção e comercialização de bens essenciais de forma ambientalmente sustentável, principalmente a soja e seus derivados.

BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS E SEQUESTRO DE CARBONO: A Fundação ProYungas, em parceria com a Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto (AAPRESID) e Fundação Moisés Bertoni, apoiará a adoção de boas práticas agrícolas e estimulará a conservação e restauração da vegetação nativa em fazendas de soja do bioma Gran Chaco, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a valorização da floresta em pé. O projeto será implementado em cinco fazendas-piloto de soja na Argentina e no Paraguai, abrangendo pelo menos 50.000 hectares, onde serão realizadas a quantificação de carbono da atividade produtiva; a avaliação do estoque de carbono da vegetação nativa; a classificação por categoria - se emissor de carbono, carbono neutro ou sumidouro de carbono); o desenvolvimento de um projeto de compensação de emissões de carbono da área de vegetação nativa, com credenciamento internacional, e o desenvolvimento de uma plataforma de informação online que garanta transparência aos projetos.

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