Programa constrói portfólio de inovação agrícola sustentável para o cerrado

Parceria entre Land Innovation Fund e Agtech Garage, com apoio da Embrapii, seleciona dez startups com foco em soluções inovadoras para a cadeia de suprimentos da soja

De monitoramento ambiental ao tratamento do solo, passando por restauração ecológica, inteligência artificial, soluções de big data, quantificação de carbono e rastreabilidade na cadeia da soja: as dez startups selecionadas nos dois primeiros ciclos do Programa Soja Sustentável do Cerrado – parceria entre Land Innovation Fund e AgTech Garage, com apoio da EMBRAPII - Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – apresentam propostas que auxiliam na mitigação de alguns dos maiores desafios da agenda de sustentabilidade da contemporaneidade. O programa visa conectar o ecossistema do agronegócio em busca de soluções inovadoras que gerem impacto econômico e socioambiental positivo na cadeia de suprimentos da soja no Cerrado.

 

O “Soja Sustentável do Cerrado” será desenvolvido em quatro ciclos e conta com recurso inicial de cerca de R$2.2 milhões para apoio às startups, com a possibilidade de aumento a partir da entrada de novos parceiros interessados em apoiar o ecossistema de inovação pela sustentabilidade do agronegócio. “As iniciativas selecionadas formam um portfólio de soluções integradas capazes de apresentar soluções de sustentabilidade para a propriedade rural como um todo – da área plantada à floresta em pé. E ainda possuem potencial de aplicabilidade para outras importantes commodities do mercado, mostrando que o desenvolvimento sustentável também pode ser um grande negócio”, afirma Carlos E. Quintela, diretor do Land Innovation Fund. 

 

O “Soja Sustentável do Cerrado” faz parte do portfólio de projetos financiados pelo Land Innovation Fund para fomentar iniciativas de desenvolvimento sustentável na cadeia de suprimentos de uma das mais importantes commodities do país. Seis dos sete projetos iniciais em implementação com apoio do Land Innovation Fund são voltados para o Cerrado, bioma que registrou um crescimento de 460% da agricultura nos últimos 35 anos, segundo levantamento do MapBiomas. Juntos, AgTech Garage e EMBRAPII, com o apoio do Land Innovation Fund, visam reunir o que há de mais moderno em pesquisa e desenvolvimento entre as startups à produção científica acadêmica em prol de projetos inovadores para a cadeia de suprimento da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa.

Conheça as startups:

AGROROBÓTICA: parceira da Embrapa e da Embrapii, a startup de inovação agrícola desenvolveu uma plataforma de inteligência artificial que utiliza tecnologia fotônica para efetuar análises químicas de amostras utilizando apenas laser pulsado de alta energia – a mesma usada pela NASA para explorar o solo do planeta Marte. Intitulada AGLIBS, a plataforma gera certificações de estoques de carbono, de fertilidade do solo e dos nutrientes em folha em tempo real e sem o uso de produtos químicos, capazes de auxiliar agricultores a tomar as melhores decisões sobre o plantio de forma rápida, precisa e eficiente. Da quantificação do potencial de sequestro de carbono às necessidades do solo e das plantas, a plataforma permite uma gestão integrada, em um único sistema, capaz de conjugar demandas de produtividade e sustentabilidade para o produtor rural.

AGTRACE: empresa de rastreabilidade e gestão de qualidade de produtos agrícolas que utiliza tecnologia Blockchain para conectar todos os elos da cadeia produtiva e garantir transparência e precisão de informação no campo. A AgTrace atua na captura, gerenciamento e análise das informações, do plantio ao processamento, passando pela distribuição da produção, e disponibiliza todos os dados em um única plataforma para otimizar o gerenciamento do negócio. Em 2020, a startup foi selecionada pelo World Agri-Tech Innovation Summit, em São Francisco, como uma das quinze agtechs com potencial para transformar o agronegócio.

BRAIN AGRICULTURE: empresa de automação de dados com ferramentas que auxiliam tanto os players do agronegócio no cumprimento dos compromissos ESG quanto os proprietários rurais na identificação de problemas ambientais. De automação na busca de dados para monitorar riscos financeiros e socioambientais de produtores e propriedades rurais (Farm Check e Farmer ID), passando por políticas ESG e risco reputacional (Smart ESG), a Brain Agriculture busca auxiliar o ecossistema do agronegócio a tomar decisões rápidas e seguras a partir de informações precisas e consolidadas da cadeia produtiva.

BRCARBON: criada para fomentar ações de conservação florestal e restauração ecológica a partir de fluxos financeiros do mercado de carbono para a promoção de soluções climáticas. O objetivo da startup é fazer da conservação e da restauração atividades lucrativas, com estímulo financeiro a partir de crédito de carbono e apoio à regularização ambiental em áreas degradadas. A empresa atua através da adoção de tecnologias de ponta para acelerar, multiplicar e consolidar projetos de carbono no Brasil.

FORESTMATIC: trabalha com o conceito de "Reforestation-as-a-Service (RaaS)", viabilizando que projetos de reflorestamento gerem receita ao mesmo tempo em que combatem a mudança climática. A iniciativa estimula empresas ambientalmente responsáveis a patrocinar plantações a partir de gatilhos comerciais e geração de débitos de carbono. A ação é válida tanto para plantações sob demanda quanto para floretas em pé. Para viabilizá-la, a Forestmatic utiliza plataforma de rastreabilidade de árvores, um dasboard personalizado com dados integrados de conservação e banners digitais aplicados em páginas selecionadas quantificando o impacto da ação para as empresas.

PLANTEM: startup de monitoramento de alto rendimento que acompanha em tempo real desde alterações climáticas (chuva, temperatura, radiação, umidade, etc) à saúde das plantas (transpiração e crescimento) gerando dados que auxiliam na quantificação e valoração da conservação ambiental. A automatização dos dados é feito pela Plantar, plataforma de monitoramento que funciona por meio de sensores conectados diretamente às árvores e estações meteorológicas, integrados a um sistema de controle, aquisição e processamento de dados, dispostos de forma coordenada para monitorar a fisiologia e o ambiente das árvores.

Crédito: Arquivo Plantem

SAFETRACE: startup de rastreabilidade que utiliza tecnologia blockchain para acompanhar a trajetória do alimento, do campo às gôndolas dos supermercados. Através da plataforma de qualificação, controle de origem e transparência da Safe Trace, é possível coletar e gerenciar informações de toda a cadeia produtiva, mapeando o caminho de uma matéria-prima desde sua origem até o produto final. O serviço permite que produtores participem diretamente do acompanhamento e preservação de seus negócios; qualifica a cadeia produtiva, viabilizando a execução, o monitoramento e a verificação dos compromissos de combate ao desmatamento assumidos por um determinado setor; e opera multiprotocolos de compra responsável, de acordo com as necessidades e uma determinada cadeia produtiva. A tecnologia permite engajar parceiros e fornecedores na proteção ambiental e nas práticas responsáveis.

SCICROP: empresa de soluções tecnológicas para o agronegócio especializada em analytics e integração de dados, com geração de algoritmos sob demanda, painéis de dashboard personalizados, mapas para geonalytics, integração e gestão de dados e infraestrutura tecnológica, transferência de conhecimento e treinamento de equipe. No programa, a startup sugere utilizar análise de algoritmos para identificação de áreas potenciais para criação de Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN); para detectar quantidade de carbono estocado em propriedades através de sensoriamento remoto; e para desenvolver um modelo preditivo de risco de incêndio através de sensoriamento remoto utilizando um histórico de 21 anos de dados sobre focos de queimadas disponíveis nos arquivos da empresa. As soluções permitem que as propriedades reduzam riscos de perda de biodiversidade e vislumbrem possibilidade de receita para além de suas áreas de produção de soja.

QUIRON: startup de inteligência artificial que utiliza dados combinados de constelações de satélites e nano satélites para monitorar risco de incêndios, pragas e doenças em plantações, mapear o solo, contabilizar e analisar o vigor de árvores. Todas as ações e soluções são realizadas a partir de monitoramento remoto, sem necessidade de instalação de hardwares o que garante a redução de custos e trabalhos in loco. A tecnologia de ponta garante acuracidade superior a 90% e o aprimoramento de até 800x na resolução dos resultados.

UM GRAU E MEIO: inteligência integrada para enfrentamento de incêndios em florestas e plantações que considera a prevenção, a detecção, a comunicação e a mobilização para apoiar o combate eficiente oferecendo indicadores ambientais de mensuração das reduções de emissões pela redução de áreas perdidas. Do projeto técnico à infraestrutura com torres de observação para detecção precoce de queimadas, a Um grau e meio oferece uma solução completa de combate a incêndios com a quantificação do impacto gerado pela redução de emissão de CO2 contra a mudança climática.

Crédito: Arquivo Um Grau E Meio

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