Avança projeto para desenvolvimento de produção sustentável no Gran Chaco

Projeto liderado pela Fundação ProYungas, em parceria com a Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto (AAPRESID) e a Fundação Moisés Bertoni, do Paraguai, alcançará 155 mil hectares de terra na Argentina e no Paraguai.

A Argentina é o terceiro maior produtor de soja do mundo, com uma área estimada de 16,3 milhões de hectares dedicados à produção do grão para a safra 2022/2023. Na área do Gran Chaco, esta produção coexiste com paisagens naturais, importantes aliadas na captura de carbono. Neste contexto, o projeto liderado pela Fundação ProYungas, em parceria com a Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto (AAPRESID) e a Fundação Moisés Bertoni, do Paraguai, com o apoio do Land Innovation Fund, fomentará a adoção de boas práticas agrícolas e estimulará a conservação e a restauração da vegetação nativa em fazendas de soja do bioma Gran Chaco, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a valorização da floresta em pé.

"Quando o setor produtivo costumava falar de produção sustentável, pensava-se nele como um conceito separado da conservação da natureza", diz Sebastián Malizia, Diretor Executivo da ProYungas. “O interessante deste projeto é que ele integra o espaço produtivo com as áreas de vegetação nativa para assegurar a produção de bens e serviços sustentáveis, conservando estes últimos com a ajuda dos próprios produtores. Eles são os protagonistas da produção e do cuidado com as áreas de vegetação nativa”, completa.    

O Land Innovation Fund apoia a criação, o desenvolvimento e a implementação de soluções de inovação que combinem práticas agrícolas sustentáveis com a conservação e restauração ambiental, tendo a propriedade agrícola como ponto focal de projetos e programas. "A iniciativa da Fundação ProYungas, em parceria com a AAPRESID e a Fundação Moisés Bertoni, reforça a importância de fomentar a gestão responsável da propriedade, contribuindo para o balanço de carbono, a mitigação das mudanças climáticas e novas oportunidades de negócios, em sinergia com a crescente demanda internacional de produção agrícola sustentável e livre de desmatamento", diz o diretor do Fundo, Carlos. E. Quintela.

Um projeto que responde às exigências do mercado global:

A iniciativa baseia-se na vasta experiência do Sistema Chacras da AAPRESID e do Programa Paisagens Produtivas Protegidas (PPP) da Fundação ProYungas que promovem a adoção de boas práticas agrícolas para a conservação e restauração de áreas no Gran Chaco, bem como a proteção de florestas e pastagens naturais, em resposta às demandas de um comércio internacional cada vez mais exigente em termos de produção agrícola sustentável, inteligente para o clima e livre de desmatamento.

O projeto abrange três fazendas piloto selecionadas na Argentina e duas no Paraguai, cobrindo 155 mil hectares em áreas de doze produtores rurais. A iniciativa inclui o cálculo da pegada de carbono da área produtiva, a medição do estoque de carbono da produção e das áreas conservadas e o controle da biodiversidade em cada um desses locais.

As primeiras ações do projeto:

Já na sua primeira etapa, o projeto visa desenvolver a linha de base de cada sistema. "Para isso, estamos recolhendo amostras de solos para medir o estoque inicial de carbono, calcular as emissões atuais e as capturas tanto em áreas produtivas como em áreas de vegetação nativa, e nessa base comparar e calcular o balanço de carbono de cada local", explica Andrés Madías, líder do Sistema de Chacras da AAPRESID. "Isto nos permitirá propor ações em cada situação que visem reduzir a pegada de carbono gerada, pensando a longo prazo em um projeto de créditos de carbono que eventualmente poderá ser comercializado".

Outro indicador é o inventário florestal, que consiste na coleta de dados sobre árvores em áreas de vegetação nativa. Isto tornará possível avaliar o estado das florestas e o seu estoque de carbono.

E, por último, também estão sendo trabalhados o monitoramento da biodiversidade com armadilhas fotográficas que detectam a presença e diversidade de mamíferos, para analisar a sua relação com o sequestro de carbono nestes ambientes. "No início do ano, foram instaladas 18 armadilhas fotográficas em locais diversos na Argentina", explica a equipe da ProYungas.

Importância para a produção de alimentos e o combate às mudanças climáticas:

O projeto envolve a conservação de florestas, vegetação nativa, zonas úmidas e vários corredores ecológicos. "Quando nos referimos à conservação, não estamos apenas falando em não transformar estes espaços em áreas agrícolas, mas também em preservá-los de degradações, como incêndios, retirada excessiva de árvores ou pastagens”, explica a equipe da ProYungas. "Significa manter a vegetação natural e cuidar da produção, colocando esforços - por parte de produtores, empresas e organizações - para assegurar que estes espaços tenham a qualidade necessária para garantir a biodiversidade e a produção de bens e serviços", sublinha Sebastián.

A capacidade de produzir mais com uma menor pegada ambiental requer definitivamente uma abordagem holística em que a concepção de sistemas de produção se baseie em todos os aspectos da sustentabilidade, promovendo a biodiversidade e construindo resiliência às mudanças climáticas e outras adversidades.

Este é o principal objetivo do projeto: que os produtores comecem a ver as oportunidades de conservação e a contribuir para ela nos seus próprios ecossistemas. E isso significa gerir práticas de melhoria contínua nos espaços produtivos, e práticas de proteção em áreas de vegetação nativa.

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