Startup utiliza tecnologia da NASA para medir estoque de carbono no solo do oeste baiano

Selecionada pelo Programa Soja Sustentável do Cerrado, Agrorobótica irá mapear o impacto da adoção de práticas sustentáveis para o sequestro de carbono e o aumento de produtividade agrícola na região.

Dos robôs que investigam a superfície de Marte para o solo baiano: a startup Agrorobótica levará a tecnologia fotônica desenvolvida pela NASA para analisar diferentes cenários de solo da cultura da soja e viabilizar a entrada do agricultor local no mercado de crédito de carbono. Os dados coletados em campo alimentarão a plataforma de inteligência artificial AGLIBS e servirão para construir uma linha de base de carbono de uma das regiões de maior produtividade agrícola do país. A Agrorobótica integra o portfólio do Programa Soja Sustentável do Cerrado - resultado da parceria entre o AgTech Garage e o Land Innovation Fund, com apoio estratégico da Embrapii – e foi uma das selecionadas para receber aporte financeiro do Startup Finance Facility, iniciativa inédita de gestão e fomento a soluções de inovação que contribuam para uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa na América do Sul. Com o recurso, a startup poderá realizar a coleta de 2.200 amostras de carbono quantitativo e qualitativo, e 550 amostras de densidade e textura do solo do oeste baiano e fazer um inventário de gases de efeito estufa da região.

Principal sumidouro de carbono do planeta, perdendo apenas para os oceanos, o solo tem mais carbono estocado do que a atmosfera ou a vegetação. Na agricultura, práticas conservacionistas, recuperação de pastagens degradadas, fixação de biológica de nitrogênio e manejo adequado do solo, entre outras técnicas, auxiliam na captura de carbono e na diminuição de emissão de gases de efeito estufa, principal objetivo do Acordo de Paris. A meta global é aumentar em 0,4% o estoque de carbono nos solos dos países signatários. O Brasil comprometeu-se a diminuir em 50% a produção dos gases de efeito estufa até 2030 e a zerar as emissões líquidas até 2050, além de conter o desmatamento e reflorestar ou restaurar até 12 milhões de hectares em todo o país. Investimentos em tecnologia, produtos ou serviços que contribuam para a expansão de sistemas agrícolas sustentáveis são essenciais para a redução de emissão de CO2 e outros gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera.

“A iniciativa da Agrorobótica contribui para a valorização das boas práticas agrícolas e para a mitigação do aquecimento global provocado pelas emissões de GEE na agricultura, e ainda pode trazer ganhos econômicos para o produtor rural que adota práticas sustentáveis. A inovação traz benefícios diretos e indiretos, tanto para a fazenda quanto para o meio ambiente, e ainda aproxima o produtor rural do Oeste da Bahia da demanda internacional favorável à política do carbono neutro. Por todos esses motivos, a iniciativa foi uma das escolhidas para receber aporte financeiro do Startup Finance Facility e escalar a solução para um importante polo agrícola no país”, afirma Carlos E. Quintela, diretor do Land Innovation Fund.

A Agrorobótica prevê a análise de quatro cenários diferentes de solo no Oeste da Bahia: pastagem degradada, vegetação nativa, manejo convencional e manejo sustentável para a cultura da soja. O levantamento inclui ainda análise da conformidade ambiental da fazenda e mensuração da fertilidade do solo, contribuindo para a redução de custos do proprietário rural com fertilizantes e o aumento de produtividade através de práticas agrícolas sustentáveis. “O desafio mundial do mercado de carbono na agricultura é o emprego de tecnologias que consigam mensurar, reportar e verificar (MRV) o carbono na propriedade agrícola de forma auditável, com qualidade, escalabilidade e viabilidade econômica. Criar protocolos para medição e monitoramento de emissões de gases na agricultura é o primeiro passo para viabilizar a criação de mecanismos financeiros capazes de beneficiar agricultores e incentivar o uso de boas práticas agrícolas”, afirma Fábio Angelis, CEO e fundador da Agrorobótica.

“O desafio mundial do mercado de carbono na agricultura é o emprego de tecnologias que consigam mensurar, reportar e verificar (MRV) o carbono na propriedade agrícola de forma auditável, com qualidade, escalabilidade e viabilidade econômica. Criar protocolos para medição e monitoramento de emissões de gases na agricultura é o primeiro passo para viabilizar a criação de mecanismos financeiros capazes de beneficiar agricultores e incentivar o uso de boas práticas agrícolas”, afirma Fábio Angelis, CEO e fundador da Agrorobótica.

No Oeste da Bahia, a coleta foi iniciada em uma propriedade de soja, milho e algodão que utiliza plantio direto e irrigação com pivô em suas culturas. A proposta é que outros produtores rurais participem do levantamento e adotem a tecnologia AGLIBS em suas propriedades, para expandir o cenário de linha de base para cálculo de carbono na região. O equipamento analisa o solo de maneira rápida e eficiente, com a ajuda de um laser, e sem o uso de reagentes químicos que afetam o meio ambiente. A técnica é a mesma utilizada no Rover Curiosity, robô da NASA que investiga a presença de água em Marte. O agricultor recebe os dados com recomendações agronômicas através de um aplicativo no celular. “A ferramenta agrega valor para o produtor rural, que pode mensurar a fertilidade do solo, dos nutrientes em folha e a quantidade de carbono da propriedade, e se beneficiar de mecanismos financeiros que valorizam a diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE)”, completa Angelis.

Sobre o Startup Finance Facility:

Além da solução de inovação da Agrorobótica, outras duas propostas selecionadas pelo Programa Soja Sustentável do Cerrado receberão aporte financeiro do Startup Finance Facility: HyperT, plataforma integrada de rastreabilidade, monitoramento e crédito de carbono apresentada por AgTrace, BrCarbon, BrainAg e Um grau e meio; e Protege Cerrado, iniciativa de compensação de carbono para estimular a conservação e a restauração ambientais, das startups Plantem e Forestmatic. Com recursos do Land Innovation Fund e expertise do AgTech Garage, o Startup Finance Facility dispõe de R$2,2 milhões para catalisar o desenvolvimento, a testagem e a implementação de soluções inovadoras que levem inteligência, segurança e sustentabilidade à cadeia da soja no bioma Cerrado, com a possibilidade de aumento de receita com a entrada de novos parceiros interessados em apoiar o ecossistema de inovação para o agronegócio sustentável.

Sobre o Programa Soja Sustentável do Cerrado:

Resultado de uma parceria entre o hub de inovação AgTech Garage e o Land Innovation Fund, com apoio estratégico da Embrapii, o Programa Soja Sustentável do Cerrado visa conectar o ecossistema do agronegócio em busca de soluções inovadoras que gerem impacto econômico e socioambiental positivo na cadeia de suprimentos da soja no bioma Cerrado. Nos primeiros dois ciclos do PSSC, dez startups foram selecionadas para receber mentorias e participar do ecossistema de inovação do hub da AgTech Garage, com projetos que vão desde tecnologias de monitoramento ambiental, análise e tratamento de solo e técnicas de restauração ecológica até inteligência artificial, soluções de big data, metodologias de quantificação de carbono e tecnologias de rastreabilidade, entre outras.

 

Previous
Previous

Impacto socioambiental com novas oportunidades de negócios

Next
Next

De migrante à liderança do agronegócio, a trajetória de Suzana Viccini no Oeste da Bahia