Sustentabilidade em pauta no Bahia Farm Show

Confira a participação do Land Innovation Fund em uma das mais importantes feiras agrícolas do Brasil.

Foram cinco dias de intercâmbio de conhecimento, encontros e diálogos em uma das mais importantes feiras do agronegócio do país: o Bahia Farm Show, que aconteceu de 31 de maio a 04 de junho, em Luiz Eduardo Magalhães, no oeste baiano. Único expositor dedicado à agenda ambiental em toda a Feira, o Land Innovation Fund montou um estande para receber parceiros, produtores rurais, pesquisadores e demais profissionais interessados em conhecer o portfólio de projetos dedicados à inovação por uma agricultura sustentável no século XXI. Em paralelo, o Fundo apoiou a realização do segundo ciclo do Land Innovation Dialogues, com painéis de discussão sobre os desafios de alimentar o mundo com sustentabilidade, e participou de dois outros encontros da programação oficial, a convite da Associação dos Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia (AIBA), para discutir as ações e iniciativas em implementação na região.

Com 22 parceiros e 21 projetos em seu portfólio, o Land Innovation Fund fomenta soluções de inovação para uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa em três biomas prioritários na América do Sul: Cerrado, Gran Chaco e Amazônia. Durante a Feira, representantes de instituições parceiras – Associação dos Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia (AIBA), Fundação Solidaridad e Senai Cimatec – uniram-se a especialistas do Fundo para apresentar os projetos em desenvolvimento na região. “Reconhecemos a importância do oeste da Bahia para o agronegócio e o esforço dos produtores locais para alinhar a produção de algumas das principais commodities brasileiras às demandas internacionais de preservação e restauração do bioma. Por isso, unimos esforços e investimentos em projetos integrados, capazes de gerar impacto positivo na cadeia produtiva da soja na região”, afirma o diretor do Land Innovation Fund, Carlos E. Quintela.  Confira abaixo os destaques da participação do Fundo no Bahia Farm Show.

A Feira:

Realizada em Luiz Antônio Magalhães, cidade com maior renda per capita do interior da Bahia e centro de referência de uma das regiões de maior produtividade agrícola do país, responsável pela produção de mais de sete milhões de toneladas de soja por ano, o Bahia Farm Show recebeu mais de 100 mil visitantes em cinco dias de evento, movimentando mais de 7,9 bilhões em volumes de negócios.

Com o tema “Inovação no agro na era digital”, o evento reuniu agricultores rurais, pesquisadores, consultores e grandes players da iniciativa privada – de empresas de maquinários a sementes, passando por bioinsumos e energia limpa, centros de pesquisa e universidades - interessados em conhecer as últimas novidades do mercado agrícola e fechar negócios.

O estande:

Com um estande de 24m2 montado para receber parceiros, pesquisadores, consultores, estudantes e participantes em geral, o Fundo era o único expositor dedicado à agenda de sustentabilidade e meio ambiente em toda a Feira. O espaço funcionou ainda como um hub para reunião, interação e apresentação dos parceiros – Fundação Solidaridad e Senai Cimatec – ampliando a sinergia e o alcance dos quatro projetos do Fundo em implementação na região.

Durante os cinco dias do evento, especialistas do Fundo e de instituições parceiras parceiros presentes no estande receberam interessados em conhecer o portfólio de projetos e iniciativas do Fundo. Além disso, visitas de reconhecimento aos demais estandes da Feira ajudaram a mapear tendências e a conhecer outros projetos em implementação na região.

Land Innovation Dialogues:

Com o tema “Diálogos do Agro”, a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) organizou dois encontros presenciais do novo ciclo do Land Innovation Dialogues (LID’s) no Bahia Farm Show. No primeiro, o pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Neiva, e os produtores rurais Carminha Missio e Luiz Pradella, com mediação do gerente de sustentabilidade da Abiove, Bernardo Pires, falaram sobre o uso eficiente e sustentável dos recursos hídricos para a agricultura.

Conhecido pelo uso e disseminação do sistema de plantio direto no Oeste da Bahia, Pradella destacou a importância de cuidar do solo para obter melhores resultados na lavoura. “O solo funciona como uma esponja de nutrientes. Um solo saudável melhora a infiltração de água e garante recarga ao aquífero; contribui para o aumento da produtividade e do número de safras”, afirma. Já Carminha Missio, referência em práticas sustentáveis na região, ressaltou a importância da ciência para o desenvolvimento agrícola. “As pessoas que migraram para o Oeste da Bahia nas décadas de 1970 e 1980 ouviram diversas vezes que o solo daqui era estéril. Professores e pesquisadores fizeram ciência a céu aberto, criaram manejos próprios e desenvolveram ativos ambientais fundamentais para fazer da região uma referência em produtividade para todo o país”, completa.

No segundo dia do encontro, o professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Jorge da Silva Junior, conversou com o produtor rural Eduardo Majabosco sobre governança, boas práticas agrícolas, responsabilidade e sustentabilidade. O pesquisador ressaltou a importância do plantio direto para o aprimoramento do solo e para uma agricultura de baixo carbono na região. “O solo é um sistema vivo e necessário. Ele precisa de microorganismos atuantes. O manejo da palhada estabiliza o solo e garante às áreas cultivadas com o sistema de plantio direto as melhores taxas de fixação de carbono”, afirma Jorge. “Podemos colocar o Oeste da Bahia no mapa com as melhores taxas de sequestro de carbono de todo o Matopiba”, completa.  Manjabosco reiterou a importância do plantio direto para a região: “temos um lote em nossa fazenda que está há 27 anos sem revolvimento. O lote é campeão em produtividade de soja”, afirma o produtor rural.

Os eventos foram os únicos da programação oficial da Feira dedicados à discussão da agenda de sustentabilidade, e ajudaram a identificar pautas relevantes para a audiência local, com destaque para o mercado de carbono e a gestão dos recursos hídricos.

Eventos extras:

Além dos LID’s, o Fundo foi convidado para participar de dois encontros adicionais na Feira, ambos no Espaço Agro & Você – uma tenda 180º montada pela AIBA e demais associações da região para exposição interativa sobre o agronegócio, palestras e exibição de vídeos. No primeiro evento, o Fundo e parceiros apresentaram os resultados parciais, diferenciais e benefícios de dois dos projetos em implementação na região: o Sistema de Monitoramento da Inteligência Territorial e Ambiental do Oeste da Bahia (SIMA), e a calculadora de carbono, em implementação pelo Senai Cimatec e pela Fundação Solidaridad, respectivamente. A plataforma digital reunirá dados públicos e informações gerais sobre a região para auxiliar os proprietários rurais na tomada de decisões no campo. Com funcionalidades dedicadas à gestão de recursos hídricos, uso do solo e cálculo de carbono na propriedade, o SIMA propõe-se a reunir em um só sistema informações sobre outorgas de uso da água, bacias hidrográficas, estruturas viárias e pluviometria, entre outros dados, contribuindo para elevar ainda mais a eficiência produtiva e ambiental das propriedades. Integra o sistema a calculadora de carbono desenvolvida pela Fundação Solidaridad, em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal (IMAFLORA), e com o apoio da AIBA e do Grupo de Trabalho de Carbono com especialistas no tema. A ferramenta irá traçar um retrato do balanço de carbono na produção de soja da região e auxiliará na gestão sustentável das propriedades.

No segundo evento, um vídeo produzido por sugestão do Fundo serviu de mote e de tema para um encontro de importantes produtores rurais da região, que compartilharam suas histórias e trajetórias – de migrantes sulistas a grandes fazendeiros no Oeste baiano. “Nosso início aqui foi debaixo de uma barraca de lona preta. Até o primeiro barracão de madeira foram três anos. O início foi muito difícil, mas a coragem foi muito maior. Naquela época, nós não tínhamos estradas; nós não tínhamos energia; e nós tínhamos que caminhar 25km para tomar banho, lavar roupa e trazer água que tinha que durar até o outro domingo. Para chegar a Barreiras, tínhamos que cruzar 125 km, e dependíamos de carona, pois não tínhamos carro”, conta Odacil Ranzi, atual presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes (AIBA), instituição responsável pela realização do Bahia Farm Show. O vídeo com o depoimento de Odacil e de outras famílias da região é o primeiro de uma série intitulada “Histórias do Agro”, que será disponibilizada em breve nas redes sociais do Fundo.

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