Argentina conclui testes com envio de farelo de soja livre de desmatamento para Europa

Os embarques seguiram protocolo de sustentabilidade estabelecido pela plataforma VISEC para monitoramento e rastreio de grãos do campo até o porto.

Três carregamentos de farelo de soja com certificação georreferenciada originários da Argentina chegaram aos portos europeus nos últimos três meses. O embarques-piloto são um marco nas negociações conduzidas pela Câmara da Indústria de Óleos Vegetais da Argentina (CIARA) e pelo Centro de Exportadores de Cereais (CEC) para a adequação da produção agrícola do país às exigências da nova legislação ambiental da União Europeia, que entrará em vigor em 30 de dezembro de 2024, e antecipa o lançamento da plataforma VISEC com dados de monitoramento e verificação de toda a soja comercializada no país. Unificando parâmetros e requisitos de sustentabilidade, a ferramenta é um dos quatro projetos apoiados pelo Land Innovation Fund para o bioma Gran Chaco, e reafirma o compromisso da instituição em fomentar soluções de inovação que auxiliem a enfrentar alguns dos maiores desafios das agendas ambiental e agrícola da atualidade

Os embarques-piloto reuniram farelo de soja provenientes de áreas livres de desmatamento desde dezembro de 2020, como exigido pelo Regulamento 2023/1115 da União Europeia, e cujos grãos foram localizados e identificados ao longo de toda a cadeia de suprimentos, do campo até o porto, seguindo  o protocolo ViSeC. Ao total, mais de 46 mil toneladas de farelo de soja  fornecidas por Bunge, Viterra e LDC foram embarcadas para portos da Espanha e da Irlanda, provenientes de mais de 570 unidades de produção da Argentina.

Os testes permitiram à CIARA-CEC testar ajustes finos no sistema VISEC e se preparar para o lançamento da plataforma de rastreabilidade e monitoramento, cujos primeiros módulos estarão prontos  para uso a partir de abril de 2024. “Queremos continuar trabalhando para a expansão do protocolo de sustentabilidade, para ajustes na plataforma e para o incremento da participação dos produtores e da área georreferenciada em remessas futuras”, afirma Gustavo Idigoras.

A plataforma VISEC irá aproximar múltiplos elos da cadeia de suprimentos da soja, em um fórum comum e com um objetivo compartilhado: fomentar a produção agrícola ambientalmente responsável e economicamente viável.  “A iniciativa inédita da CIARA-CEC é de inegável importância para alinhar parâmetros de produção de grãos às agendas ambiental e climática internacionais”, afirma Ashley Valle, diretora do Land Innovation Fund. “De alcance nacional, a plataforma VISEC tem impacto global para as práticas de rastreabilidade aplicadas à cadeia de suprimentos da soja”, completa.

Os envios representam um marco em termos de sustentabilidade e de compromisso dos mais importantes agentes econômicos do país. "É um grande desafio para todas as cadeias de valor na Argentina. O sistema de monitoramento, relatório e verificação da VISEC gera custos adicionais e adaptações, assim como mudanças culturais que naturalmente deverão se expressar no preço do produto final. Mesmo assim, temos o compromisso de nos posicionar como provedores de produtos livres de desmatamento, com garantia de rastreabilidade de origem", completa Gustavo Idígoras.

Sobre a plataforma VISEC:

A VISEC é uma plataforma nacional promovida pelo CIARA/CEC, em parceria com The Nature Conservancy, Peterson Consultancy e Tropical Forest Alliance, com sistema de monitoramento, relatório e verificação administrado pela Bolsa de Comercio de Rosario e  apoio financeiro do Land Innovation Fund e do Al Invest Verde. Resultado do trabalho integrado de produtores e associações agrícolas, processadores, exportadores, organizações da sociedade civil, fornecedores de insumos e serviços, entidades governamentais e do sector privado, organizações acadêmicas, e instituições de pesquisa, a iniciativa multissetorial busca uma solução integrada para reduzir, monitorar e eliminar os impactos ambientais e sociais negativos da cadeia de suprimentos da soja, com foco no desmatamento zero e em outras formas de alteração de uso do solo em áreas prioritárias para conservação ambiental, como o Gran Chaco.

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